POLÍTICAS EDUCACIONAIS E O COOPERATIVISMO: CONJECTURAS A PARTIR DA PROPOSTA DO PROGRAMA A UNIÃO FAZ A VIDA

Autores

  • Jeferson Eduardo Calixto Universidade Estadual de Maringá/Programa de Pós-graduação em Educação https://orcid.org/0000-0002-9517-9167
  • Marcos Vinicius Francisco Universidade Estadual de Maringá/ Departamento de Ciências do Movimento Humano e Programa de Pós-graduação em Educação https://orcid.org/0000-0002-5410-2374

DOI:

https://doi.org/10.5747/ch.2023.v20.h552

Palavras-chave:

Políticas Educacionais, Relações público-privadas, Programa Educacional

Resumo

O objetivo do ensaio teórico é analisar a proposta educacional contida no Programa A União Faz a Vida, de iniciativa da Fundação Sicredi. A partir dos fundamentos epistemológicos e ontológicos do método do materialismo histórico-dialético, recorreu-se à análise de documentos, a exemplo da proposta do Programa em tela. Os resultados revelaram que nos últimos anos houve uma considerável interferência do setor privado na educação escolar brasileira, tendo como consequência a descaracterização da função do Estado na execução direta das responsabilidades sociais com a educação pública. No contexto educacional as iniciativas privatistas se intensificaram, o que caracteriza a responsabilização direta mediante a dimensão privatizante da oferta educacional, da gestão e do currículo. O Programa A União Faz a Vida transita, neste contexto, como formador e parceiro do Estado, além de atender aos interesses do empresariado e do mercado econômico em distintos municípios brasileiros. Quanto à atuação do Programa analisado, a formação para o cooperativismo tem sido o cerne da proposta difundida ao longo dos últimos vinte e sete anos, embora tal dimensão esteja distante de uma perspectiva contra-hegemônica que favoreceria um efetivo processo de apropriação, por parte dos estudantes, em termos de objetivações produzidas pela humanidade e que poderiam culminar à emancipação, com vistas à transformação da prática social.

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Biografia do Autor

  • Jeferson Eduardo Calixto, Universidade Estadual de Maringá/Programa de Pós-graduação em Educação

    Doutorando em Educação pelo Programa de Pós Graduação em Educação - PPE- UEM . Mestre em Ensino Interdisciplinar pelo Programa de Pós-Graduação em Ensino Mestrado em Formação Docente Interdisciplinar/PPIFOR - Unespar, campus de Paranavaí - PR. É professor de História e Filosofia do ensino fundamental I, II e Médio do Colégio Pequeno Príncipe do município de Nova Londrina - PR. Tem experiência no Ensino Superior, como docente do Departamento de Educação da Universidade Estadual do Paraná - UNESPAR - Campus de Paranavaí e na Faculdade Intermunicipal do Noroeste do Paraná - FACINOR do município de Loanda - PR. 

  • Marcos Vinicius Francisco, Universidade Estadual de Maringá/ Departamento de Ciências do Movimento Humano e Programa de Pós-graduação em Educação

    Marcos Vinicius Francisco é  Doutor em Educação (financiamento da FAPESP) pela Universidade Estadual Paulista (UNESP), campus de Presidente Prudente, SP. Realizou um Doutorado Sanduíche (financiamento da CAPES) na Universidad Carlos III de Madrid, Espanha e concluiu um Pós-doutorado na área de Educação (financiamento da CAPES) junto à Universidade do Oeste Paulista (Unoeste).  Atualmente ocupa o cargo de Pró-Reitor de Ensino da Universidade Estadual de Maringá; é docente vinculado ao Departamento de Ciências do Movimento Humano e docente permanente do Programa de Pós-graduação em Educação (PPE/UEM - Maringá, PR). É líder do Grupo de Pesquisa: Estado, Políticas Educacionais e Formação de Professores/as (EPEFOP/CNPq) e Coordenador da Red Latinoamericana de estudios sobre educación escolar, violencia y desigualdad social (RESVIDES). 

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Publicado

2023-05-25

Edição

Seção

Dossiê: Políticas Educacionais e formação de professoras/es

Como Citar

POLÍTICAS EDUCACIONAIS E O COOPERATIVISMO: CONJECTURAS A PARTIR DA PROPOSTA DO PROGRAMA A UNIÃO FAZ A VIDA. (2023). Colloquium Humanarum. ISSN: 1809-8207, 20(1), e234605. https://doi.org/10.5747/ch.2023.v20.h552

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